Palhaço fica melhor conforme o tempo passa. Será?
Pode ser sim. Depende do palhaço, é claro. Se ele procura fazer um trabalho legal, olhar a vida com outros olhos.
Isso é um treino, bem difícil e demorado. Ninguém vira um palhaço do dia para a noite. Talvez por isso a primeira frase desse texto esteja certa.
Jovens podem ser bons palhaços. Homens de trinta anos também. E os homens de setenta, oitenta anos inclusive.
O que eu quero mostrar? Quem eu sou? - perguntas difíceis até para filósofos, mas fazem parte do ofício palhacístico. E levam tempo. E o interessante nesse trabalho todo de clown é o seguinte: estamos descobrindo, aprendendo o tempo todo. Então tudo é tentativa e acerto; o que ficou legal, continuar - o que não ficou, deixar de lado ou aprimorar a ideia. De cada experiência, fazemos aprendizado. De cada aprendizado, vamos adquirindo bagagem para a vida.
E aí chegamos aonde eu queria chegar - a maquiagem, o nariz vermelho, as roupas - fazem parte do trabalho de palhaço. Mas os elementos internos - percepção, generosidade, disposição para a brincadeira - estão presentes o tempo todo. Então talvez o desafio seja esse: de sermos palhaços mesmo sem maquiagem ou o nariz vermelho. Quero dizer, de perceber o mundo, como sendo cheio de possibilidades para o crescimento, para a vida, aprendizados; de olhar cada pessoa nos olhos; de estar presente verdadeiramente, em todas as ações - exatamente como um palhaço faria!
Por isso esse aprendizado é demorado e leva tempo. Porque o palhaço não é apenas uma personagem que evocamos quando sentimos necessidade. Não. É mais. O palhaço representa nossa essência, o que temos de bom e de ruim, nossas quedas e aprendizados.
E assim usamos nossa essência de palhaço quando estamos num teatro ou num espetáculo de rua; mas também numa fila de banco para pagar contas, no restaurante, no mercado, no clube, no cinema, na reunião chata e obrigatória, etc etc.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)