Marcou – um 2009 que ano

Um mergulho.

Estamos submersos. O público ensina. Na maioria das vezes é bom. E em outras maiorias de vezes até machuca. Porque perder, no nosso cotidiano comum,  faz com que a gente sofra. Como palhaços não escondemos nossas derrotas. Tentamos aprender com elas e tentamos aceitá-las. Tentar é o verbo preferido do palhaço. Tentar de verdade. Com toda força.

Nós precisamos das pessoas. Será que as pessoas precisam de palhaços?

Eu sou a sociedade. Estou sem tempo? Busco uma felicidade superficial? Não percebo os outros? Meu espírito pobre e fraco aceita mais essa derrota. Mas ele continua tentando. É um bicho solto.

A resolução exposta é atemporal. Toda hora deve-se confiar nos instintos, transgredir e enxergar alguma verdade, independentemente da lógica. 

2009 - um ano que marcou

Esse ano foi muito bom. A Cia Trampolino surgiu, fizemos diversas intervenções, em lugares como supermercados, praças, ruas e terminais de ônibus.

Pensando dessa forma, parece até que faz mais tempo, mas realmente começamos em 2009.

Dentre as lembranças guardadas com carinho, podemos escolher aqui o contato com o público. Sim, se não fossem as pessoas, o que seria da Cia Trampolino?

Como buscamos o olhar e a atenção, nós os palhaços necessitamos das pessoas.

Provavelmente por causa das transformações que acontecem na sociedade, hoje as pessoas não se olham mais nos olhos, não percebem uns aos outros.

Durante as intervenções, algumas pessoas, tocadas pela imagem do palhaço, ou porque nós dávamos atenção a elas, se aproximavam para conversar e pediam um abraço. Um simples abraço. 

Nossa sociedade está sem tempo, corre atrás de algo que nunca alcança. As relações entre as pessoas ficam pobres, fracas.

Então, elas vinham pedir um abraço. E nós abraçávamos com muito gosto.

Esse é uma das lembranças que guardaremos desse ano de 2009. E que em 2010, possamos abraçar muitas pessoas ainda, levar um trabalho sério de palhaço e colher muitos risos e reflexões.

Prost Neue Jahr! Happy New Year! Feliz Ano Novo!

A Dieta do Palhaço

Conteúdo da dieta:

1/2 quilo de humor;

4 copos cheios de adrenalina pura;

3 ramos de criatividade;

2 pitadas de inocência;

1 xícara contendo esforço físico (aqui você pode substituir por comicidade física);

1 litro de curiosidade (ou também curiosidade infantil);

2 vidros cheios de malabarismos (ou truques de mágica, ou instrumentos musicais, ou ainda tudo junto reunido);

1 folha de "olhar de cachorro pidão";

3 frascos contendo a derrota e a falha;

3/4 de uma barra de "rir de si mesmo";

2 ramalhetes contendo a mais fina essência da humildade;

1/2 copo de ensaios permanentes;

Obs: esses ingredientes todos são de uso diário.

Ao persistirem os sintomas, um médico palhacístico deverá ser consultado (e não nos responsabilizamos pelo que ocorrer em seguida);

Fonte: Cia Trampolino Nutricional Enterprise Incorporation Limitada. 

2009 - todos os direitos fotocopiados. 

Participação fora do comum

A participação da Cia. Trampolino no espetáculo O Quebra-Nozes e Mais de Nós, do Pró-Dança de Blumenau, foi realmente fora do comum.

Foram corajosos em nos aceitar dentro do show, mesmo que por momentos curtos. Afinal, somos palhaços. Nós erramos, caímos e perdemos. E foi isso que aconteceu conosco no Teatro Carlos Gomes de 3 a 5 de dezembro de 2009. E, mesmo por momentos curtos, houve espaço para transgressões. 

O mesmo teatro do qual tínhamos sido ejetados no primeiro semestre, agora nos recebeu amigavelmente.  Foi ótimo levar a generosidade do palhaço e a liberdade da rua dentro de um espaço privado e fazer novos amigos. As relações começam com certo estranhamento, depois vem acenos e sorrisos, até chegarem pedidos de fotos, brincadeiras e conversas.

Mais deles

É conhecido que para apresentar algo minimamente excelente, precisa existir uma dedicação artística que envolva suor e lágrimas. Fomos surpreendidos pelos dançarinos e a energia deles. Crianças, jovens e adultos se movimentando com respiração ora controlada, ora acelerada. A concentração dentro e fora de cena e a satisfação de compartilharem juntos aqueles momentos criava uma força única que, no último dia de apresentação, já sabíamos que sentiríamos saudades.

Atrevo-me a dizer que eles são tão excêntricos como palhaços e que nós temos a disposição de bailarinos.

Ser palhaço é ter várias opções

Um palhaço nunca se aposenta. Ele se reinventa a cada dia.

Sério. Quantos palhaços aposentados você conhece? Não existe nenhuma Associação dos Palhaços Aposentados, existe? Pois então!

Para corroborar com esta ideia, apresento uma imagem que eu encontrei na cidade de Gramado-RS.

Nada mais nada menos que Charlie Chaplin, trabalhando de recepcionista num restaurante grão fino, bem no centro de Gramado. E ainda usando trajes natalinos, porque era época de Natal (e ainda é).

Viram? Ser palhaço é ter muitas opções, mesmo que seja como recepcionista de restaurante.

8º Encontro Internacional de Palhaços do Anjos do Picadeiro

Concentração para a Palhaceta no Centro de Florianópolis. Onde está o Juvenal?

"Impossível sair de algo assim sem receber o baque da visão ao vivo desse tipo de confronto estético."